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Por que “siga sua paixão” é um péssimo conselho de carreira

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Por que “siga sua paixão” é um péssimo conselho de carreira

Entre os diversos clichês sobre carreira que enchem os posts de facebook, instagram e linkedin, estão frases como “siga sua paixão”, “faça o que você ama”, “trabalhe com o que você gosta e não terá que trabalhar um só dia na vida”. Eu acredito que toda pessoa precisa encontrar um propósito, mas sempre desconfiei da idéia de que você vai amar alguma coisa e depois transformá-la em um trabalho. Agora recebi por email este artigo publicado pelo Tim Clark, autor do Business Model You (um livro excelente, por sinal), que reflete muito bem sobre essa idéia. Resolvi traduzir e colocar aqui no blog. Espero que você aprecie a leitura.

Why “Follow Your Passion” is Flawed Career Advice, by Tim Clark

As pessoas que enfrentam decisões de carreira frequentemente ouvem que devem “seguir sua paixão”. Na verdade, aqui nos Estados Unidos, “seguir sua paixão” é amplamente aceito como aconselhamento profissional esclarecido, tanto para profissionais experientes quanto para aqueles que estão começando no mundo dos negócios.

Mas “seguir sua paixão” é realmente um bom conselho? Em uma palavra: não.

A verdade é que “seguir a sua paixão” é um conselho de carreira duvidoso que, na verdade, piora as coisas para muitas pessoas. Na verdade, isso geralmente leva a uma insatisfação e infelicidade crônicas, de acordo com Cal Newport, autor de “So Good They Can’t Ignore You”, um dos meus livros favoritos de todos os tempos sobre o trabalho. Aqui está a tese de Newport, em poucas palavras:

Muitas pessoas acreditam que a felicidade está em primeiro identificar sua paixão, em seguida, encontrar um trabalho que corresponda a essa paixão. Mas essa abordagem é falha.

Primeiro, a paixão inata é rara. Algumas pessoas (pense em atletas talentosos ou músicos) descobrem e buscam uma paixão desde cedo. Mas a maioria de nós não tem paixões pré-existentes que podem simplesmente ser “descobertas” por meio de introspecção, e então combinadas com um trabalho. Em vez disso, a paixão se desenvolve lentamente com o tempo e a experiência. Newport mostra que, ao contrário da percepção popular, a paixão é um efeito colateral do domínio de uma área, não um traço inato.

Segundo, a disponibilidade de um bom trabalho é uma questão simples de oferta e demanda, diz Newport. Um bom trabalho exige habilidades raras e valiosas, não mero entusiasmo ou “paixão”. Aqueles que buscam um bom trabalho devem, portanto, se concentrar no desenvolvimento de suas habilidades. Especificamente, eles devem adotar o que Newport chama de “mentalidade de artesão” em vez de “mentalidade de paixão”.

Newport diz que a mentalidade de paixão se concentra no que o mundo lhe oferece. A mentalidade do artesão, por outro lado, concentra-se no que você oferece ao mundo: sua proposta de valor. Aperfeiçoar habilidades valiosas, com o tempo, acabará por torná-lo tão bom que você não poderá ser ignorado.

Nota do tradutor: A Proposta de valor ou Proposição de valor vem ganhando destaque como aquilo que deve estar no centro de qualquer negócio, empresa, produto ou trabalho profissional. Trata-se do valor que você entrega para o seu cliente. Se você é um funcionário, seu cliente pode ser seu chefe, sua equipe ou o cliente final que sua empresa atende. Definir sua proposta de valor é se perguntar por que o cliente escolhe você, o que você pode agregar para ele.

Poucas pessoas podem descobrir com antecedência que trabalho acabará levando-as à paixão, mostra Newport. Então, ao invés de uma mentalidade de paixão, adote a mentalidade de artesão. Concentre-se em trabalhar corretamente – criando habilidades valiosas – em vez de encontrar o trabalho “certo”. E esqueça “seguindo sua paixão”.

Eu amo este livro fantástico. As ideias complementam o Modelo de Negócio Pessoal®, que se concentra na definição lógica da Proposta de Valor – o que você oferece ao mundo. Aqui está o sucesso na busca pelo trabalho que você ama!

Tim Clark